Se PT for ao limite, vai dar saudade do dólar a R$ 5,60, diz Stuhlberger
“O governo do PT quer sempre acelerar, vai no limite. Só que aí obriga o BC a brecar, e se tirar esse equilíbrio, que é o que a [ex-presidente] Dilma [Rousseff] fez, colocando o [Alexandre] Tombini, aí há um estrago”, afirmou o gestor em entrevista ao jornal Valor Econômico divulgada nesta quarta-feira (24). “Se isso acontecer, eu garanto que a coisa que você vai ter mais saudades é do tempo que conseguia comprar dólar a R$ 5,60, porque o dólar vai para R$ 7.”
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No entanto, apesar de expressar preocupação com o nome que substituirá Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, Stuhlberger disse não ver com maus olhos o principal nome cotado para o cargo, que é o de Gabriel Galípolo. Para ele, não se trata de um “novo Tombini”.
“Se cortar o juro de 10,50% para 9,50% num cenário desse, já é muita coisa”, disse. “O juro nos oito anos do governo [Lula 1 e Lula 2] era de 15%, 16%, 17%. E o Brasil funcionava desse jeito.”
Atualmente, o gestor calcula que o dólar está 6,5% acima do seu preço justo, de R$ 5,25, porém, ele não vê um recuo do valor e lembra que, durante o governo Dilma, o prêmio subiu 20%, para o que hoje seria algo em torno de R$ 6,10.
“Por que isso não vai ocorrer? Porque naquela época a gente tinha um déficit de conta corrente muito alto, de 5%. Hoje é de 2%”, afirmou na entrevista. Mas também destacou que o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca é uma tendência negativa, devido ao discurso de protecionismo econômico. “Esse dólar veio para ficar, a pasta de dente não vai voltar para o tubo”.
“Gasto é vida”
Stuhlberger já afirmou ter se arrependido de “acreditar que o PT teria seriedade fiscal” e que o novo arcabouço fiscal é “uma peça de ficção”. Para ele, a postura do governo Lula 3 de querer forçar o crescimento do país por meio de gastos, afirmando que o PIB cresce e tudo se resolve é um problema grave.
“Nenhum país é governável com essa mentalidade, mas o Lula e a esquerda acreditam na teoria de que se distribuir esse dinheiro todo, essas pessoas vão consumir. (…) É um pensamento que deu errado historicamente em todos os lugares do mundo”, afirma o gestor.
Stuhlberger também destaca que os cálculos do ministério da Fazenda não são viáveis. “A Fazenda governa no estilo, ‘eu aumento, mas não invento’”. E afirma que o contingenciamento não funciona, porque a receita está superestimada, enquanto a despesa está subestimada.
Mercado Financeiro Exterior
Há alguns meses, o fundo Verde diminuiu sua parcela em alocações locais para priorizar investimentos em dólar, algo que garantiu um retorno acima do CDI no ano. Stuhlberger afirma que, no acumulado do ano, o Brasil teve uma deterioração no preço dos ativos que custou muito aos fundos multimercados.
A Verde não se saiu tão mal porque reviu suas posições a partir de abril. “A gente pegou essa deterioração no começo. Fomos mal de janeiro a abril, mas de abril em diante meio que virou”, afirmou. A virada foi se deveu à compra de renda fixa americana, após trocar Tesouro IPCA+ por TIPS (títulos dos EUA indexados à inflação) no Mercado Financeiro.
O Verde FIC FIM, principal fundo multimercado, acumula 11,79% de rentabilidade em 12 meses até junho, contra 11,69% do CDI. Até o momento, o retorno anualizado do fundo aponta para ganhos de 22,36%, ante 13,55% do indicador de referência.
“Não deu para compensar todas as perdas, que não foram enormes. Mas, pelo menos, eu acho que a gente agora está do lado certo do ciclo econômico.”